Quisera eu que a lucidez fosse
somente, a convenção social que define a linha entre o monótono e o diferente,
ou que sua falta fosse apenas a egocentricidade humana, considerada por alguns
estilo de vida, por outros uma doença curada com analgésicos e sorrisos falsos,
além de palavras e pensamentos politicamente corretos.
Quisera eu que doença fosse
apenas o mal da alma, ou do corpo, ou de ambos, mas nunca um vírus incurável do
caráter humano gerado pela soberba, pela mentira e pela certeza da impunidade.
Quisera eu que felicidade
fosse apenas postar “ estou feliz”, “namorando” em algum sítio de alguma rede
social e não a busca incessante de curar essa angustia da certeza de tê-la
guardado em algum lugar dentro de mim, mas nunca encontrá-la e, com isso,
buscá-la em outras pessoas, aumentando minha angústia e frustação.
Quisera eu que demônios,
espíritos, anjos, deuses, e todo tipo de criatura, quer seja do bem ou do mal,
fossem apenas parte de mitologias misturadas com religiões, e não nossa própria
consciência batendo a todo momento à nossa porta escondendo cada vez mais,
retirando nossa humanidade e libertando o animal que mora dentro de cada um de
nós.
Quisera eu acreditar que
amigos, são irmãos que ganhamos pela vida e não pessoas interesseiras que por
pura incapacidade, incompetência, comodidade ou mesmo maldade, aproveitam-se de
pessoas de bom coração, em troca de favores, dinheiro, status ou votos, ou pelo
simples fato de enganar a quem só lhes deu amor.
Quisera eu acreditar que os
seres humanos são originalmente seres bons, amáveis, sensíveis, preocupados com
o lugar onde vivem e com as pessoas a sua volta, e não covardes que morrem de
medo da morte e que para aceitarem a única certeza da vida, matam, roubam,
buscam dinheiro, poder, sexo e satisfação na humilhação alheia.
Quisera eu não acreditar de
forma tão veemente que a morte de um ser humano é tão só a forma de fazer
justiça do universo.
De tudo ainda acredito no
amor.
Edson Carvalho Miranda.
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