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PARA SEMPRE


Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

SUSSURRANDO


Sussurro ao teu ouvido palavras
que incendeiam a tua pele
são doces quanto o mel
e lindas quanto as joias
que enfeitam o meu corpo.

Sussurro ao vento que acaricie o teu rosto
para que refresque esse ardor que te consome.

Sussurro à chuva que caia mansamente
sobre os teus cabelos, para que ao beijá-los
eu sinta a sua fragrância.

Sussurro o meu amor por ti às folhas
que rodopiam ao nosso redor
para que elas o contem ao ar
e ele o espalhe pelo mundo afora.

Sussurro ao beija-flor o meu desejo
do teu beijo, aquele beijo que
me faz sonhar, delirar e querer mais.

Mas ao meu sussurro junta-se o seu
me chamando, me querendo,
assim o meu sussurro acaba nos labios teus.

Alessandra

SONHOS E CHUVA

Às vezes eu fico a pensar
para onde vão os sonhos
não realizados, aqueles
tão cobiçados, desejados,
quase alcançados mas que
de repente se desfazem no ar.

Será que é a chuva, caindo incessante,
tão fria e cruel tal qual dor lancinante,
que molha os sonhos e não os deixa
voltar?

E a alma gelada, encharcada, suspira
pelo calor do sonho meu, que se foi...

Mas eu vou me abrigar, achar um
lugar maravilhoso, cheio de ternura
e calor e assim voltar a sonhar.

Vou colorí-lo com tintas novas, reluzentes,
quentes, pintar uma janela que se abra
para o céu, assim as estrelas podem entrar
e me ajudar a sonhar.

Vou entrar no seu coração pois este é
lugar que tanto procurei e...nem percebi
que estava sempre alí, somente a me esperar.

Venham então sonhos, voltem a me alegrar.

Alessandra

SONETO LXXXII


Amor mío, al cerrar esta puerta nocturna

te pido, amor, un viaje por oscuro recinto:
cierra tus sueños, entra con tu cielo en mis ojos,
extiéndete en mi sangre como en un ancho río.

Adiós, adiós, cruel claridad que fue cayendo
en el saco de cada día del pasado,
adiós a cada rayo de reloj o naranja,
salud oh sombra, intermitente compañera!

En esta nave o agua o muerte o nueva vida,
una vez más unidos, dormidos, resurrectos,
somos el matrimonio de la noche en la sangre.

No sé quién vive o muere, quién reposa o despierta,
pero es tu corazón el que reparte
en mi pecho los dones de la aurora.

Pablo Neruda, 1959

NÃO ME LEMBRO...


Não, não me lembro de ter-me sentido assim,
dessa vontade tão doce e ao mesmo tempo dolorosa
que me coloca fora do controle que eu pensei em manter.

Essa quentura inundando todo o meu ser,
distraindo-me de tudo, a não ser desse calor a me consumir.

Não, não me lembro de ter tocado lábios
quentes e macios como cetim,
provocando, devassando, numa onda de prazer.

Tornando-se ásperos e prementes
fazendo-me gemer,
perdendo o equilíbrio
ao querer me afastar, sem conseguir...

Estremecendo ao teu toque,
inspiro longamente, tento fugir
mas não adianta, continuo alí nos teus braços,
e vendo teus olhos fixos em mim
jogo então a prudência ao vento
e me perco em ti.

Alessandra


NOVO AMANHECER


O ar estava leve e perfumado
ouvia-se ao longe um tilintar encantador
anunciando um deslumbrante alvorecer.

No horizonte as nuvens se debruavam de vermelho
derramando sua cor intensa pelo céu,
o azul suave e o delicado cor-de-rosa
sumiam assustados pelas línguas de fogo.

As nuvens, como um navio flamejante,
navegavam pelo céu que lentamente se iluminava,
anunciando um novo amanhecer.

Venha sol, banhe de ouro também a minha mente,
envolva-me neste azul pulsante
faça-me esquecer a tristeza, a culpa, a dor
deixe meu coração livre novamente
para viver o amor que nele está.

Alessandra

SONHAR


Às vezes fico a sonhar olhando para o mar
Sinto na pele o toque molhado da
brisa salgada que espirra das ondas
O cheiro pungente das algas
Eu sei que é um sonho e que vou despertar
Mas te sinto no ar...
Ouço tua voz como se fosse música a me embalar
Recebo no colo as conchas catadas
E sinto o calor da tua pele que
tem o sabor salpicado de sal
Mas a tua boca a me beijar
é doce como se fosse uma
fonte no meio do mar
Esse teu beijo que não quer parar
E que vai sempre mais fundo
me provocando, atiçando o
desejo que tenho de ti
Neste momento o mundo explode
Perdem-se os sentidos
Só sobram pedacinhos de mim
E, nessa explosão, acordo
Sem ti...


Alessandra

FUGA


Estou fugindo dela, da saudade...
porque eu sei que se ela me pega
tira-me o que mais eu preciso
que é o teu amor incontido.

Ela me deixa sozinha, triste,

a te esperar na cama vazia,
na companhia da solidão
que se esconde atrás da tristeza.

E eu que tudo ousei um dia

transformando-me numa fera,
difícil de se domar, sem medo,
sem recuar às investidas do teu amor,
como posso ficar aqui sozinha
sem ninguém para me amar?

Saio então, na noite escura e

fujo à tua procura, não importa
onde possas estar, eu vou te achar...

Porque eu sou tua, sinto de longe

o calor do teu corpo e ouço as batidas do teu coração
pois não sabes o teu amor ocultar.

E quando te encontrar não deixaremos

a paixão recuar, o nosso corpo será
um palco onde a volúpia e o amor
vão dançar.


Alessandra

O TEMPO


Horas, minutos, segundos...tempo

Tempo implacável passa sem se importar
sem perceber, levando consigo
uma carga preciosa
Momentos passados
Momentos vividos
Momentos ainda por acontecer
Alegrias, tristezas,dores
juventude e amores...

Ah! Os amores como se vão com o tempo,
fenecem tais quais as flores,
deixando apenas o leve aroma
de uma viva fragrância
que não volta mais.

Mas o tempo é amigo e inimigo
Em partes iguais...

Alessandra

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